Encontro sobre Mobilidade de Professores e Alunos

maio 22, 2024 | Conferências, Destaque, Notas da Imprensa

Encontro sobre Mobilidade de Professores e Alunos

Instituto Técnico de Saúde (ITS), Cuito

27 de Maio de 2024

 

A Direcção Municipal de Educação do Cuito, em parceria com o Projecto Unidos pela Educação (uma parceria firmada entre o Ministério da Educação, a Fundação Ulwazi e o Centro de Estudos Ufolo para a Boa Governação), realiza, na próxima segunda-feira, o primeiro Encontro sobre Mobilidade de Professores e Alunos (ver programa aqui: Encontro sobre a Mobilidade de Professores e Alunos – PROGRAMA – v6).

O objectivo central deste encontro é procurar soluções logísticas e educativas para as crianças das comunidades longínquas, de difícil acesso e exclusivamente dependentes da agricultura de subsistência, propondo-se um regime híbrido de aulas à distância e presenciais.

Nas áreas rurais do Cuito, há crianças que têm de caminhar diariamente dezenas de quilómetros até à escola. Os casos mais extremos estão identificados na Escola Primária n.º 9 Luciano Salúcio, na localidade de Kaniñili, comuna da Chicala, com estudantes que vivem a 17, 19 e 20 quilómetros de distância (nas aldeias de Chiqueleto, Samandele e Aldeia Nguaiu, respectivamente). Por sua vez, a Escola Primária n.º 122 Chilemo, na localidade de Cambinga, também na comuna de Chicala, recebe alunos das aldeias de Ombala Muhengo, de Delém e de Dumba Calunjololo, que se situam a 21, 25 e 26 quilómetros.

Devido à fadiga física, as longas distâncias percorridas a pé pelas crianças tendem a afectar a sua capacidade cognitiva e de concentração nas aulas, prejudicando significativamente as aprendizagens e o crescimento. Segundo a Direcção Municipal de Educação, essas distâncias também têm causado taxas elevadas de absentismo e de abandono escolar.

No encontro, será debatida a nova iniciativa denominada “Amigos da Educação”, que visa reduzir as taxas de abandono escolar, de absentismo e de mau aproveitamento escolar, para que as crianças não percam a esperança de saber ler e escrever.

Será também discutido o trabalho de sensibilização (advocacy) que é preciso fazer junto de várias comunidades, para garantir que estas valorizem o ensino e o definam como prioridade na vida das crianças.

Como nota a Direcção Municipal de Educação, muitos estudantes também desistem da educação para ajudarem as famílias na lavoura. Com frequência, os encarregados de educação e os líderes comunitários apoiam ou promovem o abandono escolar, alegando que a escola não garante o sustento das famílias. Logo, é preciso encontrar formas de conciliar a participação das crianças na agricultura familiar com os seus deveres escolares, sobretudo nos períodos sazonais de plantio e colheita.

A educação é essencial e transversal a todos os sectores da vida nacional. Um ensino deficitário e deficiente afecta o país no seu todo, impedindo a prosperidade económica, cultural, política, social. E, claro, afecta também, muito directamente, o bem-estar e o futuro das comunidades rurais, mesmo que algumas famílias não tenham condições para o compreenderem.

Por sua vez, há professores e gestores escolares que têm de empreender viagens diárias de ida e volta para escolas a distâncias de 50 a 80 quilómetros. Nas áreas rurais, não há transportes públicos ou meios de transporte privados adequados para facilitar a mobilidade dos professores. Em muitos casos, também não há condições mínimas de acomodação local para os professores, nem subsídios para o efeito.

No encontro, serão exploradas soluções para este problema, com a participação das associações dos (moto)taxistas, da Polícia Nacional e do sector privado. O objectivo consiste em formalizar um mecanismo que reduza os custos de mobilidade dos professores, nomeadamente criando incentivos sociais para os parceiros que contribuam para este fim.

Serão ainda discutidas formas de incentivar e reconhecer o mérito de todos os cidadãos que contribuam, de forma engajada, para melhorar o processo de ensino no Cuito.

Cerca de 10% do total da população do Bié, estimada em 1,8 milhões de habitantes, são alunos do ensino primário e do primeiro ciclo no município do Cuito, a capital provincial.

Angola – e a província do Bié em particular – vive uma explosão demográfica que coloca desafios de governação difíceis. Neste contexto de aumento populacional e de predomínio das camadas mais jovens, só é possível garantir o desenvolvimento humano, o bem comum e o acesso a um futuro condigno se houver acesso universal à educação e se a qualidade da educação for melhorada.

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